terça-feira, 5 de abril de 2011

Correio, Chocolate Surpresa e outras pequenas nostalgias

Na semana passada, eu tive um grande desencontro com o Correio aqui da cidade, que acabou mandando embora indevidamente minha encomenda. Isso me dou uma forte nostalgia da minha infância, quando o Correio trazia minha alegria diariamente.

Eu lembro da primeira carta que recebi. Fui criada em um bairro meio bagunçado, sem infra-estrutura, sempre solta na rua. Andava de bicicleta, fazia expedição na mata com faca na cintura, pulava o outrora "valo", hoje esgoto (às vezes caía dentro também). Enfim... Assim me criei, tive vermes, sobrevivi, estudei, e hoje estou aqui.  Então, eu não brincava de boneca habitualmente, por achar que essa brincadeira demandava muito tempo para organizar tudo antes de começar. Brinquei de boneca de modo muito pontual, acho que foram umas cinco vezes. Mas, nesse dia, eu brincava de boneca. Em frente a casa de minha mãe, no meio das flores do pátio. E passou o carteiro. E disse que tinha uma carta para Ana Paula. Lembro de pegar a carta, e sair gritando, com o coração no pescoço. Eu havia recebido uma carta. A primeira de muitas. Muitas mesmo. Naquela época sem internet e sem computador, eu cheguei a ter mais de uma centena de correspondentes pelo Brasilzão a fora. E era uma delícia. Chegavam as cartinhas todos os dias, umas dez por dia. Sempre na hora do almoço. Sempre o mesmo carteiro. Era bom.

Os traços daquela fase ainda permanecem. Mania de comer lendo. Felicidade ao receber cartas. Rasgar embrulho das encomendas como se fosse presente de aniversário. Gosto, gosto mesmo. Aí, vem esse Correio de hoje, tão cheio de pequenezas, tão absurdamente falho, e eu entristeço, de pura pena do Correio. Xingo, mando privatizar. Mas, no fundo, eu só queria aquele Correio alegre de antes. Quando a vida também era um tanto mais leve.

E o chocolate Surpresa? A Lara fala no twitter que teve uma surpresa. E não gostou. Aí, meu cérebro que anda confuso e sobrecarregado, cheio de branco, apagões e ligações bizarras, projeta a imagem: chocolate de tablete retangular, fino, com desenho de um bicho em relevo. Com figuras de bicho, com informações de bicho no verso. Ah, gente, como era bom o chocolate Surpresa!


Ai meus anos 80. Vivo recebendo emails falando dos anos 80, e encontro coisas que não lembrava mais mesmo. Tipo, Lollo, chocolate de guarda-chuva, balas soft, e outras guloseimas mais. Agora, bacana mesmo é quando a lembrança vem e te avassala, te atropela, sem você nem entender como aconteceu. Como no final de semana, passeando com o marido pela cidade, espiando os imóveis, eu comecei a cantar (resmungar, vai) a música daquele desenho "Nossa turma". Sem motivo algum. Acho que o meu cérebro está mesmo em curto circuito (e isso tem a ver com uma matéria do doutorado chamada Estatística Avançada). Você ainda lembra? Cante aí:

"Get along gang get along gang Each one so special in his own way Montgomery's the leader and he's such a good sport the get along gang get along gang There's Woolma and Dotty with the spirit And Bingo the fresh doesn't rule it The Logical Portia will figure it out And that's the spirit of the leadership get up, with the get along gang Come on! Their adventures don't end Get up! (With the Get Along GA A A A A A Ang, ua ua ua ua ua ua ua ua) Get up! With the Get Along Gang!"



Hoje eu mandei uma mensagem mais ou menos assim: 



"Querida Nestlé

O melhor presente de Páscoa que você poderia me dar seria o relançamento do chocolate Surpresa, aquele que vinha com cards de bichos. Muito mais significativo hoje em dia, devido às questões ecológicas... "

(risos)

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